Ultimamente tenho refletido sobre
nossa condição como servos de Deus, e um dualismo perigoso em nosso meio,
eficiência versos ineficiência. Gostaria de compartilhar com os companheiros e
amigos sobre o que Deus tem falado ao meu coração intensamente. Vejo o mover de
Deus na cultura brasileira, que em muito se baseia em atos discriminatórios,
seus milagres, o chamado se estendendo a muitos, mas tenho percebido uma
inversão de valores em constante crescimento, uma inversão inesperada, e mal calculada
por muitos.
No decorrer de nossa história de
trabalhos com surdos, posso vislumbrar não uma sociedade mais justa e
igualitária, mas uma sociedade em sua gestação que almeja e aspira ao poder,
deveras utópico por ser uma sociedade formada por comunidades de classes minoritárias,
me refiro à aspirante cultura que reconhecida foi há pouco tempo como cultura,
a cultura Surda, me pergunto que cultura é esta? Definida por Peiden como uma
cultura independente de sua sociedade regente, (a comunidade ouvinte) Que tipo de pensamentos norteia esta
comunidade Surda? Que por muito tempo tem lutado com todas as suas forças para
estruturar uma ótica de mundo diferenciada. Igualitária ou não? Está é a minha
grande dúvida ou este é um pensamento puramente ouvintista.
Muitos, me parece, que vivem em um
universo paralelo ao nosso. Suas características e suas identidades
particulares fazem ver o mundo assim? Os ouvintes têm sido vilões, que nunca proporcionam
uma referência positiva? O que Pedro Ponce de Leon diria de todo seu esforço para
incluir os surdos na sociedade idealizando um alfabeto nunca visto e nem usado
antes dele, que tipo de vilão é este? O vilão da liberdade que possibilita o
livre pensar, e a luta pela valorização dos ideais de muitos surdos, outrora ignorados
pela maioria de ouvintes da sociedade?
Estou exausto desta visão de que
ouvintes são opressores, cunhada por ouvintes que tem como um fardo ter nascido
ouvinte, e por surdos que não conseguem ver a possibilidade de ouvintes e
surdos andarem juntos. Imagino que as intenções de todos são as melhores, porém
tem criado mais discriminação ainda.
Gostaria de ver surdos e ouvintes
andando de mãos dadas, não este favorecimento de um para o detrimento de outro.
Gostaria de ver ambos tendo um compromisso verdadeiro com o Senhor, não homens
e mulheres sem instabilidade que qualquer interpério da vida, desiste de sua
cristandade cunhada em bases paternalistas, isto tem me parecido deismo[1]
exarcebado. Muito de nós se encontrava em estado vegetativo, no que se refere à
fé, mas hoje temos oportunidade de fazer a obra de Deus regeneradora e graciosa
para a humanidade. Estou exausto de ver
que muitos surdos têm sido catequizados de forma errônea, sem nenhuma
profundidade teológica, mas o que se ensina é uma poesia para eclesiástica, simplesmente
para acalentar nosso coração no desejo de tê-los por perto, ou para ter algumas
horas interpretando a bíblia, mas sem nenhum conhecimento sobre a mesma, ou
interpretando músicas, mas sem qualquer reflexão sobre tais.
Estou exausto de ver o sacrifício de
Jesus sendo tratado como algo digno de desprezo, não tenho responsabilidade nisso,
muitos me falam. Estou exausto de ver homens e mulheres crendo que podem
transformar o mundo em congressos, retiros, seminários cursos de capacitação, mas
em oração nada, em relacionamento com Deus nada. Mas não movem uma palha para
acabar com a apatia espiritual dos ministérios que se extinguem a cada dia.
Estou exausto de ver a gama de
interpretes positivistas que problematizam tudo que se refere a Deus, Jesus e ministério
se enveredam por caminhos científicos e esquecem-se do chamado de Deus para sua
vida, isso não seria uma estratégia satânica? Não estou dizendo que estudar,
conhecer se capacitar é errado, não me interpretem mal, mas que a primazia é de
Deus em nossa vida, mesmo que organizações ou entidades me falem que eu não
posso avançar, Deus me fala Não to mandei
eu? Esforça-te, e tem bom ânimo; não temas, nem te espantes; porque o SENHOR
teu Deus é contigo, por onde quer que andares. Josué 1:9
Apaixonar-se por este ministério e
sobre tudo apaixonar-se por Deus,
·
É
não ser paternalista em um mundo paternalista, é andar na contra mão da
realidade humana,
·
É
saber dizer não com sabedoria.
·
É
não esquecer da missão.
·
É
viver a visão de Deus, é não desafiar o grande EU SOU com seu pequeno eu,
·
É
viver em constante busca de conhecer não parando assim no tempo e por cima
acreditando que nada de novo surge nem surgirá.
Estou exausto dessa mediocridade mental
que faz uma coisa ou outra para poder dormir a noite, mas seu coração esta
longe daquilo que Deus deseja.
Estou meio cansado destes mestres que
sem nenhuma base criticam o pensamento de pensadores livres, sérios, e que
produzem uma genuína linha de pensamento teológico "tupiniquim" que
como eu odeiam as embalagens de teologias importadas, que de nada combinam com
o pensamento ainda bebê da teologia brasileira, mas inconseqüentemente atiram a
primeira pedra, e ainda se acham donos da razão.
Um amigo me disse conhecer é poder,
talvez estivesse parafraseando João 8:32, pois nunca é tarde para se libertar
das amarras de uma cristandade fatídica que nos rodeia, amigo pense muito antes
de se envolver na obra de Deus, pois você não pode tratar o reino de Deus como um servo
inconseqüente, faça tudo buscando a sabedoria que vem do alto, só Deus pode nos
socorrer e nos dá a alegria da vitória, e acima de tudo entenda a
tridimensionalidade do amor e viva isto.
Pr Adoniran Melo
[1] O
deísmo é uma postura filosófico-religiosa que admite a existência de um Deus criador, mas
questiona a idéia de revelação divina
Nenhum comentário:
Postar um comentário